Isso não é birra, é acúmulo de função

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Sabe quando você entra numa empresa pra fazer uma coisa… e do nada querem que você faça duas, três, como se fosse super normal? Pois é. Foi exatamente isso que aconteceu comigo.

Meu cargo é no setor jurídico. É isso que estudei, é pra isso que fui contratada, é onde eu me encontro profissionalmente, mas em certo momento, veio a ideia (não sei de quem, sinceramente) de que eu poderia cuidar também da ouvidoria. Tipo: “ah, você já está aí mesmo, não custa dar uma olhada nisso também.”

Só que custa sim.

Custa foco, energia, tempo, paciência. Custa a minha saúde mental (imagina uns 10 clientes te xingando por mensagem, e mais alguns te ligando pra te xingar também), custa o meu limite, custa até a qualidade do trabalho que eu faço. Porque ninguém consegue fazer duas funções de verdade ao mesmo tempo e com excelência, ainda mais quando não é a área da pessoa e não há nenhum reconhecimento por isso. Nenhum mesmo. Nem financeiro, nem estrutural, nem emocional.

No começo, confesso que titubeei, tive medo de parecer pouco colaborativa, mas, depois de refletir (e respirar fundo algumas vezes), entendi que não era uma questão de recusa ao trabalho, mas de proteção da minha função, da minha saúde mental e do próprio equilíbrio do setor.

E aí, pela primeira vez em muito tempo, eu disse não.

Bati o pé, falei que não dava, que não era minha função, que não estava no meu contrato, e que não fazia sentido esperar isso de mim. E, pra minha surpresa, deu certo. Consegui manter o que é meu: minha função original.

Essa situação me fez pensar em como, muitas vezes, a gente se sente culpada por não querer “ajudar”, por parecer “difícil”, quando na verdade só está tentando proteger o que é justo.

Não foi sobre má vontade. Foi sobre respeito. Respeito comigo, com o meu cargo e com os meus próprios limites.

E se você estiver passando por algo parecido, saiba que não é egoísmo dizer “isso não é comigo”. Às vezes, dizer não é a forma mais madura de dizer sim pra você mesma.

6 comentários:

  1. Isso é libertador e deixa tudo mais leve.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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  2. É necessário dizer não... E saber os nosso limites ja que não era a tua função a ouvidoria ja pensou se você faz algo de errado levar a culpa por um erro de uma função que não era sua? Lendo o seu relato eu morri de medo de acontecer algo assim.

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  3. Postagem necessária. Oi Milla, tudo bem? essa postagem também serve de alerta para quem procura o "primeiro emprego", muitas vezes a gente pensa que aceitar um serviço em determinada empresa e acredita "ah vou mostrar proatividade e versatilidade" sendo que muitas vezes confundem - os patrões/gerentes/supervisores - isso e atribuem mais de uma função para o funcionário.

    Aconteceu comigo exatamente dessa forma, quando me dei conta de que não estava sobrando tempo para a minha função - enfermeira - e estava sendo farmacêutica, auditora, técnica de informática e ainda tive que ensinar aos meus colegas, em uma palestra, como utilizar o sistema novo, já que eu também era "a garota do TI".

    Eu não estava dando conta do meu serviço até que comecei a ficar doente, vivia no pronto-socorro com a coluna travada, enxaqueca e minha supervisora decidiu que era hora de contratar um técnico de informática e uma farmacêutica. Mas eu já tinha pedido demissão haha-

    Obrigada pela postagem e desculpa meu comentário enorme! Beijinhos!
    https://jusreads.blogspot.com/

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    1. Disse tudo! é muito importante ter essa maturidade para empregos futuros.
      Demorei mas consegui esse tipo de maturidade, nunca mais cavo minha própria cova. Se quiserem me matar, terão que eles mesmo cavarem a minha cova.
      Abraços!

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  4. Temos que dizer não para termos a liberdade física e mental que precisamos!

    Bjxxx,
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  5. Pois é.
    No século passado as empresas esperavam que seus funcionários desempenhassem apenas sua função por longos anos. Era comum pessoas se aposentarem na mesma empresa em que começaram a trabalhar fazendo a mesma função.
    Essa ideia mudou neste nosso século 21. As empresas valorizam pessoas que são capazes de múltiplas tarefas.
    O que vem acontecendo é um abuso por parte de algumas empresas que te pedem para fazer mais de uma função e não te remuneram por duas funções, aí a coisa passa a ser exploração - como parece ser no seu caso.

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